O batuque do dia 1 de cada ano no Criaú/Curiaú
O
batuque do dia 1 de cada ano no Criaú/Curiaú
Os primeiros negros que aportaram em solo tucujus serviram de pilares e matrizes do povo Amapaense. E exerceram direitos sobre a terra em que vivem. Com o passar do tempo, a força do capitalismo vem acabando com a sua principal essência: à cultura e orgulho negro. O resgate da alta estima, só é possível, com o fortalecimento e resgate da sua história.
batuque de 2014 |
De
longe; por sobre as árvores do criau. avista-se as torres e prédios,
chegando cada vez mais e, de forma assustadora invadindo pastos e
campos. são muitos os moradores antigos que adquirem nostalgia e
saudosismo, e morrem por paradas cardíacas, tudo como seus
ancestrais que dançavam para espantar a dor do banzo; que nada mais
é do que a depressão.
Ainda
hoje, 128 anos da abolição da escravatura, o negro ainda é
aprisionado pela indiferença e o descaso.
Com o crescimento populacional desenfreado, o capitalismo atingi um dos primeiros pontos de resistência negra do extremo norte; onde gradativamente os costumes e tradições estão sucumbindo, proibidos de pescar e de cultivar o roçado, o único meio de sobrevivência é o comercio comum e muitos se dirigem a cidade para tirar o seu sustento.
O “criaú” foi certificado e titulado quilombo, o respeito à hierarquia.
Com o crescimento populacional desenfreado, o capitalismo atingi um dos primeiros pontos de resistência negra do extremo norte; onde gradativamente os costumes e tradições estão sucumbindo, proibidos de pescar e de cultivar o roçado, o único meio de sobrevivência é o comercio comum e muitos se dirigem a cidade para tirar o seu sustento.
O “criaú” foi certificado e titulado quilombo, o respeito à hierarquia.
Quando
os caminhos para o “criaú” transformaram-se em uma estrada que
cotou o quilombo, foi promovida uma espécie de “torre de babel”.
O batuque, marabaixo, as ladainhas e festanças dos santos, tiveram
uma concorrência desleal, pois os jovens desprestigiaram por conta
de toda uma invasão de som eletrônico, proselitismo, alcoolismo,
uma serie de “externos convenientes”, e os velhos, sem forças
para manterem a cultura do criaú só se lamentavam que isso
estivesse acontecendo.
Acontece
que na vida do negro, tudo é transmitido de forma oral e intuitiva,
a musicalidade é coisa natural, assim de forma natural, essa
historia vem ganhando outro rumo. viva a resistência!!! pelo menos
a 10 anos eles (jovens) viram que a única salvação de não serem
engolidos pelo avanço da cidade é fortalecer a sua cultura. Como
eu havia falado, há 10 anos esses jovens que estão nas fotos num
dia 1ª de janeiro de cada ano, como de costume reuniam-se para
comentar o ano que passou e planejar o ano novo, tudo monótono a
bebedeira ficava sem precedentes, ou seja, nada é por acaso. Então
Elielton césar, Renato, Zé Maria, Geovana, Rosana, e já vou
parando por ai para não ser injusto, propuseram:
-
já que não tem nada para fazer, vamos fazer um batuque. Pegaram os
tambores, acenderam a fogueira para aquecê-lo; “o fogo sempre vem
antes do batuque”, e como uma brincadeira, ficaram rindo e
cantando. 10 anos depois o batuque virou festa é um momento de
confraternização de todo o criaú, tanto o de fora quanto o
debaixo, e vale a pena ver a alegria dos jovens recebendo os senhores
e senhoras, as fotos falam por si. Esse ato promoveu uma revolução
dentro do criaú.
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