Alonso de Illescas, o líder da primeira comunidade de negros vinda para às Américas que não foi escravizada 30.4.2017 Por Miranda

Esmeraldas é famosa por sua comunidade de negros, povo que representa apenas 5% da população equatoriana.
A história conta que, em 1553, um navio espanhol com mercadorias e africanos afundou na região. Salvaram-se 17 homens e seis mulheres, que entraram pela selva. Mais tarde, uniram-se a eles outros negros fugidos da Nicarágua e índios. Isolados do resto do país, os negros de Esmeraldas mantiveram a cultura de seus ancestrais intacta por muitos anos. A comunidade só foi descoberta dois séculos mais tarde.

Hoje, a região é urbanizada, industrializada e rodeada por refinarias de petróleo, não é das mais atraentes. É preciso se deslocar mais ao norte para encontrar aldeias muito parecidas com as africanas, como as comunidades de La Tola, Limones e San Lorenzo. Nesses locais, a influência se manifesta em construções, comidas, festas, artesanato e, principalmente, no sincretismo religioso.

Alonso de Illescas nascido por volta de 1528, na África, na região onde hoje fica o Senegal. Aos 10 anos de idade foi capturado por traficantes de pessoas e levado como escravo para a Espanha. Foi batizado registrado em Sevilha com o nome de Enrique. Mais tarde, ele passou a adotar o nome de seu mestre, o comerciante Alonso de Illescas.

Ele teve a oportunidade de aprender a linguagem dos governantes, a sua maneira de viver, observava como criavam os filhos, como faziam guerra e até mesmo entretenimento. Ele tornou-se proficiente no uso de armas e instrumentos musicais típicos das grandes famílias da época.

Aos 25 anos mais ou menos, foi trazido para a América pela família de Illescas, que conseguiu manter um tipo de empreendimento conjunto entre Sevilha e Lima. Em outubro de 1553, navegando entre Panamá e Lima, o navio mercante Alonso de Illescas, tinha grande dificuldade com suas correntes correntes e com o clima, além disso havia falta suprimentos.

Após o Cabo de San Francisco, na enseada de Portete Cove, na província de Esmeraldas, devido os ventos fortes, o barco foi empurrado para os recifes e encalhou, em terra os 17 negros e negras. Os negros fugiram para dentro da selva, os espanhóis ainda tentaram salvar algumas coisas mas tiveram pouco sucesso e dali foram-se para Portoviejo para salvar suas vidas.

Alonso de Illescas era um estrategista, ele resistia as muitas expedições militares contra os negros e índios esmeraldinos, derrotando uma após a outra, bem como os capitães espanhóis. Os capitães corriam contra o tempo para encontrar as esmeraldas, ouro, madeira e terras , na intenção de impedir que os negros aliados aos piratas ingleses causassem danos aos interesses dos espanhóis.

Alonso também era "diplomata", se por um lado ele lutava contra os espanhóis, por outro ele usava de toda sua astúcia para fazer amigos, ajudava os muitos naufrágios que chegavam nas praias a recuperar a saúde e em seguida facilitava a saída deles por Portoviejo, Quito ou Guayaquil.

Quando ele conheceu o padre Miguel Cabello de Balboa na foz do rio Atacames, construiu a primeira capela provisória na praia. Convidado por Balboa Alonso a aproximar-se dos sacramentos, Alonso acreditava que ele primeiro tinha que resgatar vidas e só depois aproximaria-se mais de Deus. Ele entendia que Deus era um Deus de liberdade, Deus da vida, que estava além dos impérios humanos e igrejas para obter a harmônia em Cristo único Reino de paz, justiça e fraternidade.

Ele foi um verdadeiro governante, nunca um subordinado. Ele rejeitou o título de governador dado pelo presidente da Corte Real, oferecido por escrito e enviado para suas mãos através do padre Miguel Cabello de Balboa.

Vale ressaltar que muitos capitães perderam todos os seus bens para conseguir o título de governador de Esmeraldas. Enquanto que Alonso que havia escapado da escravidão e que merecia a punição por lei, é permitido o perdão real e a grande oportunidade de ser governador em nome do rei.

Ele era um formador de líderes, começando com seu filho Sebastian Alonso Illescas e o neto Jerônimo. Então, eram amantes da justiça e da liberdade, mantendo o país livre do domínio espanhol.

Alonso defensor era da autonomia e da liberdade das pessoas negras e indígenas. Na verdade, embora a província de Esmeraldas tivesse sido o primeiro lugar onde os espanhóis colocaram os pés, graças à aliança entre índios e negros, os espanhóis nunca foram capazes de dominá-los totalmente.

Compilado de Afroequatorianos e Folha de São Paulo


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