Há Jacaré Acanga.



                    Bairro do jacaré Acanga/laguinho, sempre quando tem um grande acontecimento, em todos os cantos a noticia corre e na maioria das vezes ela ganha uma proporção tão grande, que uma informação começa com um personagem chamado Francisco e termina se chamando Chiquinho.
É uma energia tão grande que os moradores, sempre fazem o mesmo caminho dos seus ancestrais, quando não estão no curiaú, ta no laguinho. Assim fizeram os primeiros negros na construção da fortaleza. Quer vê uma coisa! a tia chiquinha que quase todos os dias vinha lá do quilombo e ficava jogando conversa fora no bar do “tio Duca”. 

                É assim, como no inicio eu falei o laguinho é cheio desses personagens curiosos muitas dessas histórias eu presenciei outras eu escutei, assim basta você chegar e sentar no bar do Valdir e escutar.
Pois bem, vamos a esses personagens. Desde pequeno no Laguinho eu era curioso de como aqueles moradores eram diferentes, para lavar roupas, passar.

                                        Missa de minha festa de 5 anos.

            Assim lá pelos idos de 80; quando eu tinha 5 anos, eu morava onde hoje é a igreja dos Momos na avenida Ana Néri, pode parecer estranho mais com cinco anos eu aprendi que ali também era laguinho. Nessa rua da escada de minha casa eu observava a rotina das 6 da manhã, as 10 da noite sabia quem morava na rua nome por nome, por de traz das casas era cheio de mucajaseiros e muitas árvores frutíferas manga então, quem plantou eu não sei, os terrenos mediam 30X60 só na rua de casa tinham uns 5 campos de futebol.


           E falando dos mucajaseiro no tempo de boa safra nos reuníamos a colher e batíamos num pilão juntamente com um “siri”, para tirar a gordura (um tipo de grude do mucajá), era feito vinho do mucaja, mingau com arroz, e varias iguarias do gênero,
- rapaz quase ninguém tinha geladeira só que o porte que dava uma água parecia de geladeira mesmo de tão fria; um detalhe com um tempo eu não aguentava tanto mucajá, era o que nos alimentava, pois minha mãe lavava roupa para fora, quando chovia não sei se chovia mais lá fora ou dentro de casa, vivíamos em comunidade mesmo, tudo era feito em coletivo. 

Tia zefa a segunda da esquerda para direita, no casamento de sua filha Rosana.



              Tinha a tia Zefa merendeira de escola pública que morreu na labuta; que deus a tenha, ela era engraçada, tinha uma novela no rádio, assim no horário de meio dia, quando estava para começar ela gritava
– “cumadre norata vai cumeça a nuvala”, tudo assim da escada de casa. Como falei tudo no coletivo,  nesse dia foi o meu aniversario de 5 anos e advinha o prato principal da noite?

Sim mingau de mucajá.
E lembra dos personagens ?
eis que aparece o meu primeiro que não esqueço nunca. Era o “Pedro Bigodeiro”, o cara pedia para entrar numa briga, agora, diga-se de passagem, o cara era fera, eu gostava desse cara.

Mais o meu aniversario de cinco anos, os convidados, sempre os mesmo, lembro da Genézia (trabalha na casa da mãe da deputada Cristina Almeida), a tia Zefa, e muitos outros que nem precisava convidar, e no meio da festa por causa do mingau, a porrada começou justamente por causa desse mingau, o Nazaré (motorista da UNIFAP) irmão do Pedro pegou no caneco que servia

os outros canecos ele servia todo mundo e não servia o Pedro

- o cara pegou a panela, e nem era panela era uma lata de manteiga, e jogou no Nazaré – ainda tinha uma quantidade considerável de mingau, o Nasa se abaixou e adivinha quem estava atrás

- justamente era eu, pegou na minha testa eu desmaiei com a latada, foi um desespero, diga-se de passagem tinha muita gente que gostava de mim.

– a briga parou eu fui socorrido, em casa mesmo, eu lembro disso tudo até hoje, pois a única coisa que restou foi um nó na minha testa que trago até hoje. O Pedro Bigodeiro morreu num acidente perto do “Star Cluber”, ele estava porrada na frete da escola augusto dos Anjos, e um carro pegou ele, bateu a cabeça e morreu.

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