Sobre o titulo de domínio "Quilombola Coletivo".
A
politica quilombola vai bem, ate o momento em que se lê: “Titulo
coletivo”, é como eu sempre imaginei, essa questão é passada
para as comunidades de forma errônea, ou no popular errada mesmo.
Dessa forma, procurei esclarecer e de forma direta alguns aspectos
que causam conflitos entre as comunidades quilombolas, e aponto aqui
algumas responsabilidades a serem dirimidas. Um trabalho de pesquisa
nos documentos do INCRA;
COMO
SE DÁ O USO COLETIVO DO TERRITÓRIO?
O
Uso comum de um território por um grupo tradicional, como uma
comunidade quilombola, se funda em cinco princípios: O grupo, mesmo
sofrendo influências externas, detêm o controle relativo território
e seus recursos, ditando as regras específicas para seu uso; A
unidade produtiva e reprodutiva da comunidade são suas famílias,
que podem variar de configuração em cada grupo. São as famílias
que detêm a autonomia camponesa do processo produtivo; O que garante
os direitos dessas famílias é o trabalho exercido pelos seus
membros sobre determinadas condições e em determinadas porções do
território, de acordo com as regras tradicionais do grupo; Esse
direito é exercido pelas famílias, por meio de seu trabalho, numa
combinação entre a apropriação privada e pública do território
e seus recursos: as afamilias m de forma privada o domínio sobre
um pedaço desse território, geralmente a casa, o quintal, alguma
porção de área no seu entorno e áreas de roça atual e antigas
(capoeiras) e outras, conforme o caso.
O
direito privado da família sobre essas áreas e recursos se dá pelo
respeito aos códigos locais e não por nenhuma divisão legal ou
cartorial dos mesmos. Desse modo, o acesso a essas áreas por outros
membros do grupo ou por estranhos deve se dar com a exclusiva
anuência da família, anuência essa solicitada com respeito a
certas regras locais.
Combinado
com isso, o conjunto de famílias do grupo exercem um direito público
sobre as porções territoriais que não estão restritas pelo
direito privado de nenhuma família, ou seja, em áreas abertas de
campo, floresta, varjão, rios e lagos, onde se pratica o
extrativismo, o pastoreio do gado, se coloca roças coletivas, o uso
de recursos hídricos ou etc.
Esse direito e conjunto de práticas
devem ser transmitidos às gerações seguintes, a quem cabe
perpetuar o modo de vida tradicional da comunidade. Desse modo, cabe
as famílias gerirem sua parcela específica e o território geral de
modo a preservá-lo para seus descendentes.
É
uma obrigação moral dos chefes de famílias incorporar essa
necessidade de continuidade do grupo no planejamento das atividades
diárias e anuais, de modo a não dilapidar nessa geração todos os
recursos disponíveis no território.
Dessa
forma, o coletivo de um território tradicional se diferencia de
outras formas de uso, por apresentar as seguintes características:
pertencimento a um território específico, obediência a regras
tradicionais, autonomia camponesa subordinada a uma ordem maior e
preocupação com as futuras gerações. Família.
Então
gente o que temos de entender é que cada família já tem o seu
espaço delimitado e ninguém vai mexe, o que se é uso fruto de cada
um já é usado: campos, matas, lagos espaços comuns a toda a
comunidade, ninguém vai mandar no que já é de direito da família.
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