um fato do marabaixo




A história do Amapá é toda construída de incompreensões de dados, datas fora de “eixo”, sendo assim não existe uma exatidão, um momento certo de quando o marabaixo saiu da frente da igreja.

 como tudo aconteceu, segundo comentários de dona Marcelina, dona Zefa e dona Luci: elas retratam um tempo, em que se entrava na igreja o padre benzia e abençoava o marabaixo e as pessoas que estavam lá, o fato é que havia uma coroa, mas não um rei. 

Os praticantes do Marabaixo tinham uma coroa de prata, que era deixada na igreja de São José de Macapá; ficava de um dia para o outro, sendo recolhida após a bênção do padre. 
padre Julio de barba

conforme sua própria biografia, ele nunca viu Macapá como uma cidade promissora, nem que o marabaixo fosse ser o que é acompanhe.

Padre Júlio Maria De Lombaerde, missionário belga, foi enviado em missão para o Brasil em 1912, após uma experiência missionária na África durante sua juventude e, posteriormente, na Holanda, na Bélgica e na França.

No Brasil, chegou inicialmente em Macapá (Amapá), uma pequena, pobre e atrasada cidade do começo do século. Foi "médico", farmacêutico e dentista. Atuou como Delegado de Higiene Pública, Professor, Diretor das Escolas Reunidas e missionário das ilhas.

Em 21 de novembro de 1916, fundou a Congregação das Filhas do Coração Imaculado de Maria (Cordimarianas). Por motivo de doença dele e de várias de suas irmãs, Pe. Júlio passou a residir em Pinheiro (hoje Icoaraci, em Belém), para onde transferiu o noviciado. (no histórico dele, não relata a confusão que ele se meteu com os negros de Macapá).

Essa tradição foi literalmente quebrada pelo padre belga Júlio Maria Lombaerd, que moveu uma campanha contra o folguedo. .[...] um ano, na igreja, [o padre] quebrou a coroa de prata do Divino e mandou entregar aos pedaços ao festeiro do Marabaixo. (CANTO, 1998, p. 26).

 “Padre Julio combatia as festas do Marabaixo. Dizia que não passava de batuque e bebedeira, com a exploração de dinheiro, mediante a apresentação da coroa do Divino Espírito Santo. Padre Julio fechava a igreja, mas o povo fincava os mastros na frente da matriz. Era tradicional em Macapá deixar-se essa coroa do Divino na Igreja de São José, de um dia para o outro. O padre Julio não aceitava esse costume. Combatia-o publicamente. Um ano, na igreja, quebrou a coroa de prata do Divino e mandou entregar os pedaços ao festeiro do Marabaixo”.

A revolta foi grande, os negros cogitaram invadir a casa do padre. O Pe Julio chegou em Macapá em 27/02/1913 enfim o padre tentou e conseguiu por um bom tempo, só que assim como essa data o dia 27 de maio ficou marcado como uma retomada de uma tradição, foram varias lagrimas ao ouvir o sino badalar novamente para receber o cortejo da murta, varias comunidades e simpatizantes no empenho de uma tradição.

segundo blog de professor Nílson Montoril, foram assim os últimos dias do padre

"A noite do dia 24 de dezembro de 1944, começava a dominar a pequena Macapá, quando o Posto Telegráfico recebeu uma mensagem passada de Vargem Grande, Minas Gerais, dando conta de que o Padre Júlio Maria Lambaerd havia falecido em circunstâncias trágicas. Imediatamente, com a comunicação impressa em telegrama, o estafeta foi à Casa Paroquial entregá-lo aos Padres Felipe Blanke e Antônio Schulte, religiosos que, a exemplo do Padre Júlio, integravam a Congregação da Sagrada Família, estabelecida em Macapá desde o ano de 1911. Os sinos do campanário da Igreja São José passaram a executar o toque fúnebre de maneira intermitente, atraindo a população para frente do templo. Procurando conter a emoção, o Padre Felipe Blanke, vigário da Paróquia de Macapá, repassou a todos a notícia que havia recebido".

o ocorrido

15 horas, do dia 24 de dezembro, o automóvel descia a serra quando o motorista o manobrou excessivamente para a direita a fim de desviar a viatura de uns tocos. Ela saiu da estrada e só não rolou até o fundo de um abismo porque uma possante árvore impediu. As rodas ficaram para cima e os ocupantes do veiculo de cabeça para baixo. As freiras que o acompanhavam  e o motorista foram socorridos, mas o sacerdote ficou comprimido entre o encosto da bancada da frente e uma raiz de árvore, que sustinha o carro sobre o abismo. O peito de encontro à raiz e o encosto impedindo que seus pulmões inflassem.Padre Júlio ficou assim por 40 minutos, com dificuldade para respirar.Morreu asfixiado, sereno e rezando. Tinha 66 anos de idade.

quanto ao marabaixo, ele continua de ciclo em ciclo, muitos dos que realizam a festa são de famílias oriundas desses primeiros detentores da cultura do marabaixo desses negros que brigaram na retirada da coroa e quebrada pelo padre, fato que vejo que só fortaleceu a cultura.

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