A PRESENÇA NEGRA NO AMAPÁ E A QUESTÃO ABOLICIONISTA


Igreja da Vila quilombola de Cunani Calçoene


De inicio as terras amapaenses não tinham atividades agrícolas que dessem interesse aos colonizadores portugueses, como a produção de cana – de – açúcar, além de não encontrarem o tão sonhado ouro. Dessa forma, a atividade econômica foi direcionada a exploração dos produtos da floresta, denominados drogas do sertão: frutas, raízes, sementes utilizados como medicamentos, temperos, e conservantes de alimentos como: urucum, canela, cravo, óleos de copaíba, de tartaruga entre outros. Essas atividades eram praticadas em grande parte por indígenas da ragião, dessa forma a presença de negros para a região não era em grande quantidade.

Ao longo dessa questão vários pesquisadores foram a fundo na chegada do elemento negro por essas bandas, a primeira leva de negros no Amapá (terras tucujus) ocorreu em 1749, quando um grupo de negros fugidos de Belém, fundaram um povoados doravante conhecido como quilombo às margem do Rio Anauerapucu, segundo Paulo Dias, descoberto por um acaso por colonos caçadores de índios, seus habitantes abandonaram o local e foram mais para o norte, longe do alcance dos colonizadores portugueses. Vale ressaltar que esse fato não teve um registro oficial.

Oficialmente os primeiros negros a serem introduzidos no Amapá, foi em 1751, quando era governador do estado do Maranhão e Grão Pará, Mendonça Furtado, que para implementar a colonização, mandou trazer famílias de colonos portugueses da Ilha dos Açores para Macapá e com elas acompanharam vários negros em seguida chegaram negros vindo de Rio de Janeiro, Pernambuco, Bahia e Maranhão e com estas vieram vários “escravos” .

Em 07 de junho de 1770, portugueses se estabeleceram em Nova Mazagão e trouxeram 103 negros (escravos), com a construção da Fortaleza de São José de Macapá de (1764 – 1782), essa presença aumentou muito, os negros também trabalhavam em obras públicas, carregando materiais pesados e faziam limpeza, porém, a maioria dos negros desenvolviam atividades pastoris.

Os negros que foram trazidos para a região não aceitaram a escravidão, rebelaram-se e fugiram formando quilombos como Maruanum, Igarapé do Lago, Ambé, entre outros provenientes do enlace familiar dessa comunidades que não são distantes umas das outras.

Varias foram as leis aprovadas pela monarquia brasileira no século XIX, adiando a escravidão no país que repercutiram em Macapá e Mazagão. No Pará os movimentos pela libertação dos escravos começa em 1858, com criação da chamada Sociedade Ypiranga, somente mais tarde os amapaenses, a partir de 1884 se envolveram publicamente pela causa abolicionista, quando foi criada em Belém duas novas entidades antiescravistas: a União Redentora, que foi articulada pelo amapaense descendente de escravos e formado na área de direito, Raimundo Álvares da Costa ( ao menos deram a ele nome de rua em Macapá), e a liga Redentora dos Cativos do Pará, que tinha como representante do Amapá, Francisca de Almeida Rôlla, a maior proprietária de escravos da região, os quais colocaram em liberdade.

A fonte dessa pesquisa feita por João Ataíde, encontra-se no livro – O passado é o espelho do presente de Paulo Dias, ano 2011.


Palavras Chaves: Cultura. Comunidades Tradicionais. Direito étnico. Ação afirmativa. 

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