DB PARTE II (HISTÓRIA DO BREACK NO AMAPÁ - HIP HOP, COMO HOJE É CHAMADO)
Muito
já se falou sobre os “Demônios do Break’s”, só quem
viveu é quem pode escrever e falar.
O Demônio do Break’s foi um dos maiores grupos de break de Macapá/Amapá, pois antes vieram outros, que viveram da mesma manifestação cultural, uns pela moda do momento, outros como forma de vida mesmo. Já na década de 90 o DB foi o primeiro a passar por um processo de organização de jovens da periferia e, como forma de protesto se manifestaram através da dança, muito mais que dança, uma forma de sobrevivência.
O Demônio do Break’s foi um dos maiores grupos de break de Macapá/Amapá, pois antes vieram outros, que viveram da mesma manifestação cultural, uns pela moda do momento, outros como forma de vida mesmo. Já na década de 90 o DB foi o primeiro a passar por um processo de organização de jovens da periferia e, como forma de protesto se manifestaram através da dança, muito mais que dança, uma forma de sobrevivência.
Muitos
jovens da década de 80 e 90, vivendo em vulnerabilidade social, e
outros de classe média e alta, buscavam visibilidade: grupos de
jovens da igreja; time de futebol, basquete, handebol; as agremiações
carnavalescas estavam em processo de organização e os jovens
participavam por empolgação, enfim. Muitos estavam em busca de
liberdade, que com toda certeza, uma geração anterior a nossa viveu
de forma diferente; nem imagino como em plena repressão militar eles
faziam para se divertir. Nessas décadas o Amapá passava por
transformação, o território federal do Amapá daria espaço a um
novo Estado, isso decidido a 5 mil quilômetros da capital Macapá,
em Brasília; sempre os velhos de Brasília, decidiam a vontade de
toda uma população.
Por
conta do horário das tertúlias, o ponto de encontro antes da
entrada era nas praças próximas, aos domingos a Praça da Zaguri
ficava lotada, não tinha nada, somente as galeras ostentando e
“chapando o Coco”, antes de se dirigirem ao circulo militar,
trem, star. Assim, faço esse relato dos mais intensos confrontos de
galeras que se tem registro no Amapá. Ate um dia em que um carro em
alta velocidade atropelou e matou irmãs na beira rio, e foi um balde
de água fria na galera, ainda tinha a rapaziada do “Garapé” que
quando chegavam, subiam tocando o terror em todo mundo. Num dos
episódios vi uma briga no circulo militar onde teve a morte de um
policial, no restante as brigas aconteciam constantemente, que diga a
panificadora central de frente do Amapá clube, no auge do som ideal.
A
juventude se vestia com o que era ditada pela tela de TV, a
ostentação ficava restrita aos grupos de classe media e alta (turma
do Pro Onda e Pro Surf), carrões!Poucos tinham as bicicletas as mais
variadas era o que locomovia no vai e vem da cidade.
Vale
uma nota dessa tal bicicleta e a galera do garapé –
-
não tinha um poder aquisitivo dos melhores, minha mãe lavadeira,
fazia serviços nas casas de doméstica ate mesmo depois de conseguir
um trabalho de gari, enfim não tinha como comprar uma bicicleta, só
sei que ela conseguiu compra uma bicicleta monareta, e assim eu
andava na cidade; a corrente caia mais que manga da mangueira.
Numa
dessas idas ao centro da cidade, tirei uma de acompanhar a galera de
perto de casa, quando der repente La vem a galera do garape, quando
eu avistei passou tanta coisa na minha cabeça que pensei largar a
bicicleta e sai correndo no entanto nessa de pensar quando eu vir os
caras passaram por mim e nem ligaram dei uma respirada daquelas e
nunca mais quis tirar uma dessa, ah! A galera se encontrou na praça
da bandeira e pensa no “porradau” que aconteceu, vichi to fora.
Nos
ginásios Arvetino Ramos e Paulo Conrado os times de basquetes faziam
partidas memoráveis, entre os anos de 90 a 96, os clubes de Amapá
clube, Macapá, são José e Guarany, ditavam a moda despojada dos
jogadores, nas telas fervilhava a NBA e o jogador Michael Jordan,
desafiava a física com suas enterradas, ai pense como todo mundo
queria ser o astro. O jogador de basquete que me chamava atenção em
Macapá era um moleque magrinho chamado de seco, que logo depois
faria parte de um grupo de Break, mas existiam nomes como o Pitico,
marquinho, Nicinho, Babito, Robson (soneca), Jacaré, Valbene, e o
Filipe que chegou a jogar em são Paulo que quando de férias era
presença cativa no Star clube.
Daquela
segunda feira em diante, nossas visitas passaram a ser diárias;
naquela altura muitos dos que frequentavam as festas dançavam, mas
dançavam na sua e de forma retraída; nossa função foi reunir todo
mundo. Numa semana de ensaios, quando chegou no domingo antes de ir
para o star clube passamos na casa do Aminadab, o Demir com suas
roupas extravagantes e eu muito humilde e simples – o amina olhou
pra mim e já me deu um moletom da adidas, saímos da casa do amina
umas 20:30; ai que fui ver qual era a de chegar naquele horário,
fomos andando, ouvíamos na rua
– vocês
estão com malaria! Quem pagou minha entrada foi o amina. Como falei
descobrir o porquê de chegar naquele horário = todos os olhares
estavam em nós, inclusive os das meninas ate mesmo eu o patinho feio
tinha conseguido umas fãs. Quando começamos a dançar a roda se
abriu e mandamos uns passes ensaiados, foi a primeira vez que ouvir
uns gritos de euforia e satisfação; nesse dia o demir deu ate uns
saltos mortais. Quando saímos da roda, o amina já veio ao bando dos
lisos; já conhecia uma galera da escola e logo quem “colou” foi
o Marcio que muito depois passamos a chamar de Marcio 2, o Mc leleu
que só se chamava de leleu, Marcio 1. Quando saímos da tertúlia,
fomos comemorar na casa do amina com farofa de xaque
e com uma certeza que nossa rede de breack tinha se ampliado naquele
dia.
Uma
nota para esclarecimento.
Eu
já conhecia quem dançava breack, no entanto ninguém tinha tomado a
iniciativa de juntar todo mundo e posso dizer que as coisas foram
acontecendo sem planejamento.
O
Mc leleu era uma espécie de Michael Jackson do Pacoval, com um
visual extravagante o que o acompanha ate hoje fazia o maior sucesso
aonde chegava; o Macio 1 o filho do barnabé pensava nas coreografia,
pintura serigrafia o Marcio 2 o bonitinho que jogava basquete comigo
na escola, chegou e se juntou ao grupo; esses nomes eu poço dizer
que foi a primeira geração dos demônios do breack, que ate então
não tinha um nome, pois esse só se daria quando o Amina retorna a
Belém para prosseguir aos estudos. Pois bem, na segunda recorrente,
já estávamos ensaiando coreografia só pra ir ao star clube pra
mandar e ver a galera pagando, nas semanas seguintes a casa da dona
Angelina tava lotada, tinha tanto do moleque que o pátio ficou
pequeno.
Diploma de reconhecimento da câmara municipal de Macapá |
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