ALDEIA MARAJAÍ



foto: arquivo pessoal
Essa viagem, marca a ultima que faço pelo projeto Mídia dos Povos, 23/07 a 30/07/17. Esse projeto financiado pela AMARC/Brasil, que tem como missão integrar os comunicadores da amazônia, entono de ferramentas que vão de rádios comunitárias a um vasto mecanismo de software livre: São índios, negros, caboclos de toda a amazônia. Eu faço minha explanação sobre a comunicação de ancestralidade desenvolvida nas áreas quilombolas, assim, como o movimento negro se locomove entorno dos marcos regulatórios e as politicas afirmativas, transformando o produto de um programa de rádio chamado de malungos.

Saí de Belém a Manaus a exatos 00:00 (meia noite), com chegada para as 1:30 (uma e meia da manhã ou madrugada) , fiquei numa pousada ate as 6:00 da manha de domingo, e juntamente com o restante do grupo do mídia dos povos – já eramos 10 comunicadores vindo de todo o Brasil e um convidado do Peru, para seguir rumo a Tefé, para enfim chegar ao nosso destino que é a aldeia indígena de Marajaí.
foto: aquivo pessoal
Em Tefé a conexão foi imediata, no porto com casas flutuantes e um pouco da desorganização, pegamos um barco (lancha) para atravessar o extenso lago; o vai e vem desse lugar é frenético, para atravessar levamos cerca de 20 minutos, para chegar a um pequeno vilarejo de Porto de Nogueira, do município de Alvarães, calmo, de vida simples que percebi: asfalto, conduções, cemitério, igreja, comercio, geleira e um quartel do exercito, todo imponente por sinal, agora de carro. Levamos mais exatos 15 minutos para saí das margens do lago Tefé para se encaminhar ate o outro lado e, assim esperar o barco que nos levou até a aldeia de Marajaí.
foto: Tirada pelo amigo Leonardo.

Todos os rios quando chega na foz, vira lago”, no porto de Alvarães são duas colorações de águas: uma barrenta do solimões e a outra clara e limpa que forma o lago, de Tefé a aldeia é um caminho vasto pela comunicação da ancestralidade.
foto Aquivo pessoal

Aldeia indígena de Marajaí, fica encravada no alto de uma escada de 60 degraus, fica localizada no Médio Solimões, entre o lago de Alvarães e rio Solimões, uma área estimada em 1.194, 346,000; o rio amazonas por essas bandas é conhecida como solimões. - “A amazônia e as micros amazônias”, interagem numa forma dinâmica envolvendo todos os agentes. os indígenas, contam que os seus ancestrais moraram nessas terras e, sua conquista foi um processo penoso que por conta da modernidade perdeu parte de sua história. - Uma nota sobre como eles chegaram por essas bandas.
foto aquivo pessoal


A população indígena encontra-se distribuída em todas as regiões brasileiras: 29% na região norte, 23% na região nordeste, 22% na sudeste, 11,5% na região sul e 14% no Centro-Oeste (Souza et al., 2006).
De acordo com o Censo 2000, a taxa bruta de mortalidade das populações indígenas foi de 2,7 óbitos por mil habitantes e a taxa bruta de natalidade de 26,4 nascidos vivos por mil habitantes. Dentre as causas de mortes entre as populações indígenas estão os homicídios e suicídios (6,5%); desnutrição e doenças infecciosas e intestinais (relacionadas à cuidados de saúde, saneamento básico, segurança alimentar) (2,6%), entre outras (Souza et al., 2006).
Grande lide tuxaua Lourival dos santos oliveira

Os Mayorunas, tiveram uma intensa briga com os Cambeba, Miranhas e ticuna; influenciada pelas forças armadas de Peru e Colômbia, para que elas se destruísse entre si; como se pode notar, uma estrategia muito usual pelo “colonizador”. Dessa forma, se estabeleceram onde estão, desde 1972, que além deles, existem por toda o Amazonas: Aripuanã, Arapaso, Baniwa, Bará,Barasana, Baré, Deni, Desana, Diahui, Jamamadi, Jarawara, Juma, Kaixana, Cambeba, Kanamanti, Kanamari, Karapanã, Katukina, Kaxarari, Kokama, korubo, Kubeo, Kulina, Kulina Pano, Maku, Marubo, Makuna, Matis, Matsé, Miranha, Miriti Tapuia, Mura, Parintintin (link), Paumari, Pirahã, Sateré-Mawé, Siriano, Tariano, Tenharim (link), Ticuna, Tsohom Djapá, Tukano, Tuyuka, Wai wai, Waimiri-Atroari, Wanano, Warekana, Witoto, Yanomami, Zuruahá.
Jovem índia Mayoruna

Os Marajaís, estão numa reconstrução cultural, germinada por todos na aldeia, na busca de sua identidade cultural, Marajaí está indo a fundo na busca e resgate de toda uma tradição. Hoje a aldeia tem: saneamento, escola pública, posto de saúde, posto da funai, radio poste que leva para toda aldeia a informação, radio de sistema FM chamada de rádio xibé. 
Radio Porte da Aldeia
 

A origem do nome, advêm das arvores de marajá encontrada em abundancia na região, então, juntaram e deu “Marajai”. Uma nota, na aldeia o representante maior é chamado de “Tuxaua”, da escolha do tuxaua – é feito uma seleção inicial de três nomes, pessoas que são lideranças, esses nomes é submetido a uma avaliação feito numa reunião coletiva e o mais votado torna-se o Tuxaua sendo o segundo mais votado o vice Tuxaua. Aqui podemos notar que em outras regiões e etnias indígenas o líder é chamado de cacique.


Inicio dos trabalhos

roda inicial de convivência 


Esse evento para os Marajaí é tão importante, que montaram uma mesa de abertura com as principais lideranças da aldeia. Abertura do evento, aconteceu na igreja da aldeia com a participação da comunidade e representantes como: tuxaua Lourival dos santos oliveira ele foi tuxaua por 42 anos.

Mesa de abertura do evento
o atual tuxaua ‘e o seu filho Genival dos santos que se encontrava numa reunião do COARI (conselho de saúde indígena), em suas palavras de bem vinda o ex tuxaua disse “eu não abraço só os parentes, abraço também os brancos que nos traz coisas boas, vocês estão vendo essa aldeia? Antes não se podia tirar fotos ou fazer imagens, mas, tirem fotos e faças imagens e levem para o mundo ver o que fazemos e vivemos aqui. - essas palavras, me mostraram o grau de sabedoria desse senhor de 78 anos, que hoje vive do cultivo da terra e repassou a responsabilidade de condução da aldeia ao seu filho Genival. O ex tuxaua ainda tem grande liderança na aldeia.

A aldeia faz as suas próprias lideranças, tanto no mundo indígena “quanto no mundo dos homens brancos”, já foram 5 representantes que foram vereadores, contando com o tuxaua maior, hoje o vereador que tem a missão de representar junto a câmara municipal de Alvarães que antes de tudo passa por um aconselhamento com o tuxaua, quem nesse momento tem essa função de representatividade é o vereador Izaias Lomas Motelo, - se ele segue os conselhos eu não sei, só sei dizer que na comunidade a organização é vista logo na chegada.
Vice tuxaua
O vice tuxaua José Amarildo do povo Mayoruna, fez um chamado ao jovem indígena, pois na ocasião, ainda vieram outros dos povos Kokama, e cambebas que são inimigos históricos onde foram tratados com cordialidade, mostrando que o fato ficou no passado, sepultado junto com seus ancestrais. “é na luta que se consegue vencer a batalha, vocês tem a missão de conduzir os nossos caminhos”, foi dessa forma que ele se dirigiu a todos, ele foi bastante atencioso com os visitantes nesse evento.
Indígena universitária da aldeia
Em aldeia de Marajaí as mulheres são muitas bonitas e cuidam muito bem dos cabelos, - se assemelham das Mundurukus, que tem uma estatura baixa, com algumas mais encopadas, os cabelos bem cuidados sedosos e; não sei dizer de que forma se dar esse tratamento. No evento, elas tiveram uma participação especial, apresentaram a dança do TAIMÃ, tradicional do lugar.
Leonardo
Na aldeia, tem uma rádio comunitária, radio porte que tem o nome “RADIO BOCA DE FERRO”, E uma pertencente ao coletivo radio Xibé, POR ESSA RAZÃO, a oficina de comunicadores da amazônia chega, para que através de oficinas possa interagir e compartilhar esse “bicho” chamado comunicação.
A primeira oficina foi dada pelo representante do Peru, o senhor Leonardo, que por 25 anos, conduz a rádio UCAMARA, com programas variados, leva a valorização indígena a todos e, de forma dinâmica e pautada em fatos, a radio fica em Malta no Peru. A oficina se estendeu por todo o dia, primeiro a explanação de fatos e causos e posteriormente foi a ora dos participantes interagirem e fazer na pratica a sua comunicação. Na roda de conversa, foram feitos vários relatos e, um dos quais chamou atenção.
juventude Mayoruna

Os jovens disseram que é preciso fazer um resgate de seus costumes, de sua língua de sua ancestralidade, que vem se perdendo, dessa forma estão fazendo algo para que isso não seja um perigo constante. Entre os mesmos jovens a presença tecnológica é presente, e dando voz a que falou o filho do tuxaua (Genival dos santos), “temos que saber dividir, o que é comunicação com a nossa cultura e a comunicação dos de fora”, nesse sentido a radio vem contribuindo, antes a comunicação utilizada pela aldeia era por um ferro, quando se tocava dava para ouvir longe, e todo mundo sabia que era para se encaminha ate a aldeia mãe para reunião e decidir assunto importante, tantos toque era a divisão da caça; não tinham relógios e para saber o horário fincavam um tesado no chão e dessa forma dividiam o tempo entre o trabalho e o descanso.
Vale ressaltar que na aldeia Patauá, ainda a é usada o ferro como comunicação, que vivem do que plantam e colhem, hoje o tuxaua resolveu juntar todos num único lugar, para que a comunicação seja eficaz, pois quando se tem alguém é picado por cobra por exemplo, hoje as etnias: Cambebas, Ticunas, kokamas, estão constituindo todos numa mesma aldeia.
Índio Cambeba

Os Cambebas são conhecidos como cabeça chatas; pois quando ao nascer, as crianças tinham uma caixa posta em sua cabeça e dessa forma ao crescer ficava num formato de uma caixa, por isso são conhecidos como cabeça chata.
As terras de Marajai foram conseguidas a partir de doação por parte da Igreja católica e nisso a igreja católica é bastante presente e respeitada na comunidade, a luta desse povo já foi muito sofrida, lutavam por essa terra pois já pertenciam aos seus ancestrais, já se vão 42 anos dessa conquista.

corredor de entrada da vila 
O Marajaí não constituem uma aldeia fechada, ao contrario, estão abertos as novas tecnologias para que elas sirvam de desenvolvimento para eles. Deu para perceber, que os indígenas de Carajaí, são carentes de informações, a cerca de sua própria existência, questão de formação politica é necessário para que se mantenha e sobre tudo, a sua própria preservação cultural.
Meu retorno,

Por joão Ataíde.

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