Marabaixo de Santa Luzia do Maruanum vem a publico informar




O Grupo Tradicional Marabaixo de Santa Luzia do Maruanum vem a publico informar aos filhos do Maruanum e a sociedade amapaense a respeito de sua ausência no Encontro dos Tambores de 2017. 

O Marabaixo é sem dúvida a maior manifestação da cultura do Amapá que por sinal é genuinamente negra, tem suas características nas resistências de negros escravizados e que mesmo em meio à tanta dor e tristeza “cantavam seus lamentos” dentre todos os eventos, o Encontro do Tambores sempre foi para o povo marabaixeiro do Maruanum a nossa confraternização o momento de nós juntarmos e cantarmos nossa alegrias e tristezas e isso ia muito além de “cachê “ eram caminhões no início que nos traziam, era na E.E. Azevedo Costa nosso hotel, grandes lembranças desde que o Encontro dos Tambores deixou de ser realizado no Curiaú.

O tempo passa, muitas coisas acontecem o brilho nos olhos das comunidades sempre é o mesmo o de esperança por maior valorização da cultura negra tradicional do nosso Estado.

Não estamos aqui para dizer que o dinheiro é o que mais “conta”!!! Estamos aqui para dizer que, por força do capitalismo cultural sendo este mais cruel para nossas comunidades rurais, não diminuímos a grandeza do que significa o Encontro dos Tambores, mas afirmamos que não podemos arcar com um “fazer cultural” tão caro para nós. Vamos aos gastos, com um grupo de 115 integrantes (onde 60%) residem na comunidade, R$ 900,00 de frete de ônibus (isso com descontos e muito pedir ajuda do proprietário que em geral temos que ter o compromisso de fecharmos os próximos fretes com ele),alimentação pois não é justo que os integrantes do grupo se desloquem para a capital sem um jantar, água, refrigerante e tão boa gengibirra e a “celveja” afinal é festa!!! Somados a isso os poucos foguetes que compramos para a hora da apresentação, então me digam se isso somado não configura um valor onde o cachê proposto sequer “cobre”?

Nossa cultura não pode ser legada á segundo plano, entendemos que o evento é grande e caro, mas pedimos que seja entendida nossa “condição” não estamos em tempos de pagar para mostrar que somos importantes, na verdade com todo respeito aos grupos urbanos, mas fazemos aqui uma justa observação aos que planejam cultura, e destacamos que o tratamento financeiro não poder ser considerado o mesmo para os grupos rurais haja vista que nossas despesas infelizmente são maiores devido nossa “distância” respeitamos à todos os grupos porém essa uma dificuldade que não é a mesma de todos.

Desejamos um belo Encontro dos Tambores e esperamos que no ano de 2018 tenhamos condições financeiras de darmos mais brilho ao evento, à Santa Luzia pedimos iluminação e que permita aos bons verem com os olhos da irmandade e que sejam justos para entenderem nossa “posição”, não estar dançando e cantando na roda e no palco não nós faz menor ou maior, nós faz igual mais com realidades diferentes.

Obrigada às comunidades que ainda resistem a todas as mazelas sociais e culturais que nosso povo é levado. Viva o Marabaixo...Viva o povo negro do Amapá...Viva o Maruanum que sempre soube onde estar e lutar!!

“O nosso Maruanum tem encontro de marabaixo, o nosso Maruanum tem encontro de marabaixo, eu quero quero marabaixo do Maruanum, eu quero ver quero ver marabaixo do Maruanum”
Macapá, 15 de novembro de 2017.

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