DE CARONA EM CARONA NA BR 156
Tenho viajado por esse meu Amapá e,
conhecido cada figura, umas histórias dignas de series. Umas tristes, outras
nem tão tristes, mas sempre uma história que vale apena tirar do anonimato,
isso é o que move, fazendo o meu mundo girar.
Sabe daqueles que nasce com aquilo
pra lua? Pois e, isso mesmo, sujeito de bom convívio, de fácil amizade, aonde
chega vai logo marcando espaço no coração dos outros, sabedoria do bom viver, O nome dele é Valdeci Reis, 37 anos,
pai de quatro filhos e um já encaminhado na barriga, natural de Itaituba, de
onde se afastou desde os anos 90, saiu do seio familiar e ganhou o mundo, isso
não o impediu de vencer, de viver. Nessa quarta-feira (4), ele estava pedindo carona
numa comunidade chamada Tartarugalzinho – AP, chegou de jeito verdadeiro e
ganhou, para mim foi um aprendizado.
Passamos a conversar e estava indo
para o Lourenço trabalhar como “peconheiro”, fazer um rancho para mandar a seus
filhos, pois havia saído e já tinha feito um e tinha de conseguir outro antes
de acabar. Mas a história que mais me chamou atenção, foi quando falou que ele
foi o único sobrevivente do desabamento da mina no garimpo de Lourenço.
“Naquela manhã de 2005, acordei as 5hs, como é
de costume, quando entramos para dentro da mina, passei a mão nas paredes, por acaso, veio nas minhas mãos “curimã” (terra solta), ainda falei, vamos sai daqui
que isso vai desabar. - Mas garimpeiro quando ver faísca ele quer mais e mais,
como não me ouviram, eu sai só. Quando foi noutro dia, só tinha o burburinho –
ficaram dentro da mina e foram soterrados” aos todos foram 4 que estão lá ate hoje. Esse foi um breve relato, ele mostrou
o seu corpo todo marcado, numa mina subterrânea, tem pedra que só de encostar
corta, e se você não tiver em quem confiar, lá você morre e ninguém sabe, ainda
te levam o seu ouro, foi o que falou Valdeci.
Valdeci, ainda não ficou rico, já achou
muito ouro, tem um certo patrimônio como terrenos, já teve muito mais: "o
ouro sega, o ouro só deixa rico quem não entra na mina"; assim ele segue na
busca da grande pedra preciosa, enquanto isso, ensinando a arte do bom viver de carona em carona na BR 156.
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